quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Potiguar descobriu a técnica “Reborn” e hoje confecciona réplicas que chegam a assustar os mais distraídos


Numa época em que milhares de bombas rasgavam os céus do continente europeu diuturnamente. Homens, mulheres e crianças se abrigavam em edifícios arruinados pelo impacto das armas da Segunda Guerra Mundial. Nesse ambiente tão hostil, algumas mães notaram que seus filhos precisavam brincar. Começaram, então, a reformar bonecas velhas ou mesmo parcialmente destruídas para presentear os filhos. Foi assim que surgiu a arte conhecida como “Reborn” (renascer ou renascido, em inglês). A técnica consiste em produzir bonecos que se assemelhem o máximo possível a bebês de verdade, utilizando moldes de vinil ou silicone. No Brasil, a técnica tem sido muito difundida e vem conquistando novos adeptos nos últimos anos. Esses profissionais são conhecidos como “reborners” (renascedores ou refazedores, em inglês). Estudante de arquitetura, Camila Câmara se dedica à técnica desde o ano passado. Ainda criança, ela já demonstrava ter aptidão para as artes. “Passei a minha vida admirando meu pai que é um artista nato. Ele faz bolos artisticos”, conta.A potiguar descobriu a arte “Reborn”, e logo se apaixonou pela técnica. “Quando eu vi uma reportagem sobre as bonecas, pedi logo uma para a minha mãe que começou a pesquisar na internet, quando descobriu que justo naquele período estaria em Natal uma professora (Viviane Machado) que iria ministrar um curso de “Reborn”. Nem pensei duas vezes, fui fazer”.Comecei a fazer meus bebês por hobby. Minha maior paixão é criar ou transformar bonecas em bebês quase reais”, afirma a jovem. Com o término da 2ª Grande Guerra, as européias puderam desenvolver melhor a técnica, que rapidamente se difundiu pelo mundo todo. Assim, cada país incorporou suas peculiaridades locais ao processo. Confeccionar os bebês é um processo demorado e minucioso. “No enraizamento dos fios de cabelos são usadas agulhas especiais bem finas que enraízam fio por fio. Por exemplo uma das bonecas que confeccionei tem os fios de cabelos da minha prima. Além disso, camadas de tinta são aplicadas para obter a tonalidade natural da pele humana e os olhos da boneca são substituídos por outros mais realistas“, detalha Camila.Segundo Camila Câmara, “muitas pessoas ficam impressionadas com a maneira que o bebê fica acomodado no colo da gente. As bonecas têm contornos e expressões tão perfeitas que, sem um olhar mais apurado, é possível confundi-los com bebês reais”. Esse realismo pode também ocasionar situações inusitadas. “Na missa de Nossa Senhora da Apresentação, estava com um bebê ‘reborn’ no colo e as pessoas que estavam presentes naquela madrugada me olhavam indignados reprovando o fato de ter uma criança recém nascida no meio da rua tão tarde da noite”, conta a potiguar.Depois de tanto esforço e dedicação, o melhor retorno acontece no momento em que os clientes recebem os bebês. “Eles ficam espantados ao ver que o resultado de sua encomenda superou as expectativas“, lembra Camila. Boa parte dos apetrechos utilizados na confecção dos bebês é importada dos Estados Unidos, o que prolonga o tempo de entrega e encarece um pouco o custo dos bonecos. Em média, as encomendas são entregues entre 45 e 90 dias depois da efetivação do pedido. O mais interessante é a opção de confecção personalizada. É possível, por exemplo, enviar uma foto e encomendar um bebê ‘reborn’ feito com base na imagem.

Repórter: Daniela Pacheco

Jornal de Hoje, 10/01/09

A BONECA BÊBE





Uma jovem de 17 anos é uma das principais atrações da Fiart. Há pouco mais de um ano, Camilla Câmara cria bonecos bêbes que parecem de verdade. Ela usa a técnica conhecida como Reborn, que utiliza como matéria-prima na confecção das bonecas vinil e silicone, produtos que fazem com que a boneca se assemelhe com o ser o humano. E o acabamento é essencial, roupinhas, chupetas, mantas, cabelos implantados, dão o ar de realidade a peça que tem como público o adulto. Segundo a artesã, das 10 bonecas vendidas até a última segunda-feira, 8 delas foram para adultos. É ver para crer tamanha semelhança.

Matéria vinculada no jornal Tribuna do Norte, no dia 29/01/09.